domingo, 7 de fevereiro de 2010

Santa Catarina - sua História


Não se sabe quando começou a ocupação territorial da Península Ibérica, mas é comummente aceite que os primeiros povos procuraram ocupar os sítios que se lhes apresentaram mais favoráveis que lhes permitissem pescar ou caçar que tivessem cavernas para abrigo.

Os vestígios arqueológicos, apontam para a presença no alto de um monte denominado "Castelo", de um Castro cujas estruturas defensivas ainda são perfeitamente visíveis e indiciam datar da II Idade do Ferro e segundo se supõe, deve ter sido abandonado antes da época imperial romana.

Foi assim que no século II A.C., os romanos vieram encontrar, nas imediações, de Santa Catarina, os lusitanos, gente que se abrigava nas escarpas da Serra dos Candeeiros e noutros montes das serranias de Alcobaça. As armas desses trogloditas (assim se chamam os homens das cavernas) eram de pedra e foi com os invasores que vieram a conhecer o ferro e a arte de manejar as armas.

Segue-se a invasão de outros povos vindos do Norte, como os Normandos. Mais tarde entram na Península os Árabes que vencendo o rei D. Rodrigo ao sul da actual Espanha, no ano de 711 se instalaram nesta região deixando longos vestígios do seu domínio, especialmente na toponímia.

A população, porém, era demasiado afectada pela lepra, peste e outras doenças, e até à vinda dos Monges de S. Bernardo para Alcobaça, já no reinado de D. Afonso Henrique, não foi grande o progresso verificado. 

Santa Catarina foi também uma das treze vilas dos Coutos de Alcobaça. Foi sede de concelho, teve forca e pelourinho, que ainda hoje existe no Largo da Igreja, constituindo o sinal que teve justiça própria.

A 4 de Fevereiro de 1307 os Monges de Alcobaça atribuíram-lhe a Carta de Foro ao que se passou então a denominar de Couto de Santa Catarina.


Nesse documento ficaram definidos os limites e locais confinantes, ou seja, as suas fronteiras. É fixado o número de trinta e um povoadores como o número de famílias que deveriam ocupar outros tantos casais, cultivando as terras e procurando extrair delas uma alargada produção agrícola. Ficaram também definidos os direitos, os deveres e as proibições desses povoadores. Estava assim prescrito que ao fim de seis anos de ocupação da terra o povoador ficava com a sua posse, embora continuasse a pagar tributo ao Mosteiro, mas caso não pudesse lavrar por inteiro o seu casal, seria obrigado a dá-lo a outro povoador que o pudesse fazer convenientemente.

Estava também definido que o povoador fizesse uso das árvores para as poder utilizar na construção das suas casas, que poderia pastorear o seu gado em determinadas zonas mas que a caça ficava reservada ao Mosteiro.

Este documento além de proporcionar indicações históricas para se conhecer a origem desta povoação, fornece dados muito concretos do nível de organização que o Mosteiro impunha nos seus territórios e da relação estabelecida entre os senhorios, os Monges de Alcobaça e os moradores dos seus coutos.


O 1º foral foi-lhe concedido pelo D. Abade de Alcobaça, Frei João Martins, em 1333. Estas terras já estavam na posse dos monges cistercienses há bastante tempo, mas como aqui a população era menos densa que no norte e centro dos Coutos, a atribuição do foral aconteceu em época posterior.

Ao longo dos séculos XIV e XV, Santa Catarina progrediu de tal maneira no capítulo comercial e agrícola que uma das estradas de ligação dos Coutos a Santarém passava por lá. Já designada por vila, o seu mérito foi reconhecido por D. Manuel I que, em 1518, lhe conferiu um segundo foral, o Foral Novo, reflectindo o desenvolvimento experimentado pelo concelho.

A jurisdição das autoridades municipais abrangia antes de 1836 a freguesia vizinha de Carvalhal Benfeito. Com a extinção do concelho de Santa Catarina, a povoação de Carvalhal Benfeito ligou-se a Caldas da Rainha, tal como sucedeu a Salir de Matos, antiga vila dos Coutos de Alcobaça. Esta anexação levou a que se gerasse também em Santa Catarina um movimento semelhante para o desmembramento de Alcobaça, mas tal processo não foi pacífico e, por isso, surgiram muitos problemas na vila entre 1836 e 1898, até que finalmente ficou a pertencer ao concelho de Caldas da Rainha.

Fonte: Portal-Jornal Oeste Online / Albuquerque, Maria Zulmira;“Por terras dos antigos coutos de Alcobaça”; 1994, Tipografia Alcobacense.

Fotos: Dias dos Reis.

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