A Real Abadia de Alcobaça ou Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça, foi uma senhoria clerical com um território de quase 500 km², situado entre a Serra dos Candeeiros e o Atlântico, abrangendo hoje em dia os concelhos da Nazaré e grande parte do de Alcobaça, assim como a parte sul do concelho de Caldas da Rainha, tendo a sua sede no Mosteiro de Alcobaça.
Segundo reza a lenda, aquando da Reconquista, o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques prometera a Maria, mãe de Jesus, construir um mosteiro em sua homenagem, caso ele conseguisse conquistar aos mouros a importante fortaleza de Santarém.
Em 1147, deu-se finalmente a vitória, levando D. Afonso Henriques a cumprir o prometido, oferecendo, em 1153, o território de Alcobaça ao abade da Ordem de Cister, Bernardo de Claraval. Estes eventos encontram-se documentados nos azulejos azuis das paredes da Sala dos Reis do Mosteiro de Alcobaça, que datam do século XVIII.
Pouco depois da tomada aos mouros dos castelos de Santarém, Lisboa, Alcobaça e Alfeizerão, o rei D. Afonso Henriques entregou à Ordem os terrenos da futura abadia (1153).
Tomaram posse do terreno pertencente ao futuro mosteiro, doze monges cistercienses e um abade da mesma Ordem. De acordo com as regras gerais da ordem, o número de abades correspondia ao tamanho mínimo de uma abadia.
Construiu-se porém primeiramente, um recolhimento provisório a poucos metros do actual Mosteiro e junto ao rio Alcôa, a abadia provisória de Santa Maria a Velha, obra em que se gastaram quatro anos e que se situa no local onde hoje se encontra a Igreja de N. S. da Conceição.
Foi desse recolhimento que os frades dirigiram a construção do grandioso Mosteiro para o qual transitaram em 1223 ou 1225. Quando, no ano de 1178, foram iniciadas as obras de construção da igreja e das primeiras divisórias do Mosteiro, o território ainda não se encontrava de todo pacificado, sendo a construção atrasada pelas investidas dos mouros.
Segundo reza a história, houve um massacre de monges em 1195, perpetrado por muçulmanos vindos de Marrocos, que penetraram, possivelmente através da Lagoa da Pederneira (lugar da freguesia da Nazaré) e assaltaram o Mosteiro em construção, tendo morto os 95 monges que aí se encontravam a trabalhar.
Os monges só encontraram protecção numa fortaleza vizinha, o Castelo de Alcobaça, que era um antigo castelo mouro, segundo algumas opiniões, este castelo era de origem visigoda. O castelo foi restaurado tanto por D. Afonso Henriques como pelo seu sucessor, D. Sancho I. Deste castelo, que ainda hoje domina lá do alto a cidade de Alcobaça, ainda restam as paredes das muralhas exteriores.
No dia 6 de Agosto de 1223, os monges abandonaram a velha abadia, mudando-se para o novo Mosteiro. O túmulo do terceiro rei de Portugal, D. Afonso II, falecido em 1223, foi acolhido nesta igreja em 1224. Contudo, as obras só terminariam fundamentalmente em 1240, dando-se a consagração em 1252.
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