domingo, 23 de maio de 2010

Ataíja de Cima - História e Monumentos


A aldeia de Ataíja de Cima, só mais tarde ficou na dependência dos Coutos de Alcobaça.

Junto desta pequena povoação existia uma lagoa, a Lagoa da Ruiva, que hoje infelizmente está extinta.


Nesta zona serrana, existiram outrora extensos olivais e os lagares de azeite estavam sempre perto de alguma lagoa porque a água era muito necessária para os diversos trabalhos do lagar. O mais importante e antigo lagar da região, foi o que os frades construíram junto á Lagoa da Ruiva.

Lagar dos Frades ou Casa do Monge Lagareiro


Foi na 2ª metade do séc. XVII que Frei Manuel de Mendonça promoveu a plantação de grandes olivais na zona serrana e foi quando provavelmente teve lugar a construção deste Lagar e Casa do Monge Lagareiro pelos monges alcobacenses.

Situado no lugar da Ataíja de Cima, o Lagar dos Frades, como é ainda hoje conhecido, é o mais importante e antigo lagar da região e está situado dentro de uma quinta murada, denominada de Quinta da Cerca, outrora afamada pelo primoroso cultivo da oliveira e que se encontra hoje em completo abanono.


Este Lagar ou Casa do Monge Lagareiro, ainda conserva na frontaria o belo Brasão de Cister. Lá residia o monge que estava encarregado pelo Mosteiro de vigiar e comandar o trabalho feito no lagar anexo, de onde saía azeite finíssimo. Ttinha instalações modelares para a época, com oito varas, quatro de cada lado, numerosas tulhas e grandes depósitos para o azeite.

Em 1833, com a extinção das ordens religiosas, os Monges de Cister abandonam o Mosteiro de Alcobaça e as várias dependências dos coutos, multiplicando-se os roubos e as pilhagens aos edifícios abandonados.


Do imóvel apenas resta hoje, a Casa do Monge Lagareiro em acentuado estado de ruína e a cerca, cujo portal foi, parcialmente, derrubado há pouco tempo.

A fachada posterior ainda mantém as "virgens" (esteios de pedra que guarnecem e amparam o "coice de vara"). Algumas galgas e um peso de vara abandonados no terreno, são os últimos testemunhos silenciosos do funcionamento desta unidade senhorial.



Apesar de actualmente se encontrar muito danificada, esta casa ainda nos transmite a sensação de poder e grandeza que ainda hoje emana.

A Lagoa Ruiva que fornecia a água para os trabalhos do lagar (escalda da massa de azeitona, etc.) foi entulhada e aloja o campo de futebol local.


Casa do Outeiro

Esta casa antiga é característica da arquitectura popular da região, com escada exterior, alpendre com colunatas e janelas de peito.


Ermida de Nossa Senhora da Graça


A Capela foi construida pelo povo. Conta-se que quando começaram a carregar as pedras para a sua construção, pedras essas retiradas dos olivais ali próximos, houve uma pedra enorme que, depois de colocada na construção já iniciada, voltava no dia seguinte a aparecer no sítio de onde tinha sido tirada.


Como ninguém conseguia explicar o sucedido, resolveram retirarar parte dessa pedra com a qual esculpiram a imagem da Senhora da Graça e com  o resto da pedra fizeram uma pia, que colocaram no olival. Essa pia enchia-se com água da chuva que as pessoas bebiam e que nem de verão se esgotava. Foi este facto que deu origem ao nome de Senhora da Graça. Ainda hoje a dita pia se encontra no olival.



Esta capela foi remodelada em 2003.


Festa da Senhora das Candeias ou Senhora da Graça

As festas da Senhora das Candeias ou Senhora da Graça são muito antigas e realizam-se no dia 2 de Fevereiro, ou no fim-de-semana mais próximo. Antigamente nesse dia, saía uma procissão da Capela da Ataíja de Cima, que se dirigia até à Serra dos Candeieiros, subindo até a um sítio donde se dominavam os extensos olivais.

Aí o sacerdote fazia a bênção dos olivais para que a flor fosse fecunda e a colheita abundante. Na volta, paravam ao pé da Lagoa da Ruiva fazendo a bênção das águas para que nunca faltassem. Era também tradição que nesse dia se fizessem fritos em azeite, e quem não tivesse o que fritar, fritava folhas de oliveira.

Durante esta festa realizam-se muitos jogos tradicionais tais como, a paulada ao frango, a quebra da bilha, o jogo da pesca e o tiro ao alvo. Durante o arraial actua uma banda de música.

As celebrações religiosas incluem também uma missa com comunhão.

Fonte: Furtado Marques, Maria Zulmira Albuquerque, "Por Terras dos Antigos Coutos de Alcobaça", Alcobaça, 1994.

Trabalho elaborado por: Laura Santos, n º 17, 7 º F, Grupo 3 e Celina Machado, nº 12, 7º F, Grupo 5. 

1 comentário:

Fábio Bernardino disse...

Esta festa e esta procissão em honra de N. S. da Graça ainda se realiza: não era só antigamente, não é algo do passado mas ainda é bem actual. No passado domingo, uma multidão fez o tradicional percurso até à Serra dos Candeeiros, onde existe um cruzeiro e de lá se benzeram os campos da região...