Ataíja de Baixo, é uma pequena povoação situada sobre o limite norte dos antigos Coutos de Alcobaça, foi outrora uma terra em que aconteceram as agruras que são comuns às terras de fronteira. Disputadas por ambos os lados, ficam umas vezes sob o domínio de um deles, outras vezes sob o domínio do outro.
Houve várias contendas oposeram o Mosteiro de Alcobaça a D. Afonso IV, que se saldou, após oito anos, numa sentença de 1337, favorável ao rei.
Insatisfeitos com a solução, os Frades de Alcobaça conseguiram que D. Pedro I, logo a seguir, em 1358, reconhecesse limites mais alargados aos Coutos que, a norte, passaram a incluir a Ataíja de Baixo e a excluir a Ataíja de Cima.
Por mais trezentos anos continuaram as disputas sobre os limites dos Coutos de Alcobaça que o Mosteiro quase sempre ganhou.
Mais tarde começaria a plantação de oliveiras em toda a região da borda da serra que, um século depois, culminaria na plantação do Olival do Santíssimo e na construção do famoso Lagar dos Frades da Ataíja de Cima.
Ermida de S. Sebastião ou de Nossa Senhora dos Enfermos
Na Capela ou Ermida de S. Sebastião, que outrora tinha um alpendre com colunas, celebra-se anualmente, no dia de Pentecostes, uma tradicional romaria em honra de Nossa Senhora dos Enfermos. É uma das capelas mais antigas dos Coutos da Alcobaça.
Ainda há pucos anos vinha a esta romaria, em peregrinação, o Círio da Fonte Santa, de Évora e eram entoadas loas em honra da Senhora dos Enfermos.
Círio da Fonte Santa
O Círio da Fonte Santa ou o Círio das Talas e arredores, é muito antigo e Manuel Vieira Natividade faz referência a eleta festa e estes círios no seu livro "O Povo da Minha Terra", de 1917. Faz o mesmo autor uma descrição dos mesmos círios:
«Organizava-se uma extensa cavalgada. Abre o cortejo a gaita de foles, segue-se o juiz, montado em animal bem ajaizado, levando na mão a bandeira com a insígnia do santo. Ladeiam-no duas crianças vestidas d' anjos fantásticos, que, em todas as igrejas do trajecto, entoam "loas" adequadas; segue-se a cavalgada.
Chegado à capela do destino, dão três voltas em roda dela enquanto os foguetes estalam no alto e a gaita de foles faz vibrar os seus modilhos. Ao fim da terceira volta e diante da porta da igreja dizem-se as "loas" da chegada, como logo se dirão as de despedida.
Depois vão festejar, isto é, ouvir missa da romagem. Quase sempre a gaita de foles é a música da festa. E qua linda e doce que é essa música tradicional, muito especialmente os trechos do Sanctus e do Levantar a Deus.
Depois de vendidas as fogaças e feito o peditório retira-se na ordem em que chegou».
Por sua vez José Diogo Ribeiro no seu livro "Turquel Folclórico", de 1928, diz do mesmo círio o seguinte: "...vai um pequeno círio da Lagoa das Talas, ou arredores, festejar a Senhora dos Enfermos na sua capela na Ataíja. O círio, que leva dois anjos e o indispensável gaiteiro, indo todos montados, ao chegar, faz três giros em volta da capela, o que é da praxe em muitas romarias, seguindo-se a missa, e depois o arraial com seus comes e bebes. Por fim circula novamente em torno da capela, e todos recolhem a penates, muito contentes da vida. Os anjos, à chegada, à retirada e me vários pontos do cortejo, deitam suas loas, compostas por ingénuos versos sertanejos."
Poço Mediaval
Localizado junto da Capela de Nossa Senhora dos Enfermos e da Associação Cultural e Recreativa de Ataija de Baixo, fica um poço medieval o qual está em optimo estado, fruto da recuperação levada a efeito em 1997 pelo Parque Natural da Serra D' Aires e Candeeiros, pela Junta de Freguesia de São Vicente e pela Camâra Municipal de Alcobaça.
Cruzeiro
Fonte: José Quitério, in Ataíja de Cima, Os frades e a Ataíja de Cima - II./ Furtado Marques, Maria Zulmira Albuquerque; “Por terras dos antigos coutos de Alcobaça”; Alcobaça, 1994 / www.jf-aljubarrota.pt/SaoVicente/localidades/images
Trabalho elaborado por: Iva Monteiro, nº , 7º F, Grupo 3.
Não sei quando a Benedita terá começado a sua história como "povoação"... Mas sei, isto sim, que «cerca de 800 d.C.» os monges de Cister não estavam em Alcobaça! Mesmo em França, a Ordem não existia ainda sequer! Elementar...
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