terça-feira, 13 de abril de 2010

Almoster - Monumentos a visitar

Convento de Santa Maria de Almoster


O Convento de Santa Maria de Almoster situado em Almoster, freguesia do concelho de Santarém. Este convento gótico, fundado no século XIII e extinto em 1834, acolheu monjas da Ordem de Cister. A parte do conjunto que chegou aos dias de hoje, que inclui a igreja e as ruínas do claustro, tornou-se Monumento Nacional em 1920.

O convento foi fundado em 1289 por D. Berengária Aires,  aia da Rainha Santa Isabel e mulher de D. Rodrigo Garcia, em cumprimento do desejo testamental da sua mãe, D. Sancha Pires. As obras resultaram da iniciativa conjunta da fundadora e da Rainha Santa, tendo esta última mandado edificar o claustro e a enfermaria.

Após a conclusão das obras, a Rainha Santa Isabel continuou a manifestar interesse pelo convento, deixando-lhe em testamento cerca de mil libras. A data de conclusão das obras é desconhecida, sabendo-se apenas que aquando da morte da fundadora, em 1210, aquelas ainda não tinham terminado.


Logo desde a sua fundação, o convento cisterciense assumiu uma grande importância em toda a região, como se comprova pela cobrança de dízimos e pelo recebimento de um foro de uma galinha por habitação erguida no Couto de Almoster, em vigor até à extinção. De entre as várias religiosas que aqui professaram, há a destacar D. Violante Gomes, mãe de D. António, Prior do Crato.

Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, o convento foi progressivamente votado ao abandono, entrando numa fase de delapidação e de destruição do seu rico património que iria durar até quase aos meados do século XX.


Ainda em 1910, a igreja foi vandalizada e roubada, tendo desaparecido azulejos, quadros e um pórtico que existiu na Casa do Capítulo. Nos anos 50 do século XX, o estado de degradação a que o conjunto chegara, levou à substituição da cobertura abobadada da nave central, pelo actual tecto de madeira. O órgão e a pedra de armas sobre o pórtico principal já haviam sido apeados, enquanto que o edifício anexo à igreja se encontrava transformado em vacaria. Desde então, o conjunto tem sido objecto de uma vasta intervenção de recuperação, que lhe procura conferir algumas das suas características originais.

A fachada nascente contém o óculo da capela-mor e apresenta frestas nas absides, sendo estas rasgadas por janelas quadrangulares. Na fachada norte, encontram-se adoçados o claustro e a Sala do Capítulo. Finalmente, a fachada sul é rasgada por três estreitas frestas e pelo grande pórtico da igreja, inserido em gablete. Esta parede é corrida, a meia altura, por uma cachorrada de pedra, que encima uma arcada de nove vãos em arcos de volta perfeita sobre pilares de cantaria.


O pórtico apresenta três arquivoltas góticas bem delineadas, arrancando de quatro colunas capitelizadas e de dois pilares de pedraria. Do lado direito da porta, ergue-se uma capela de invocação de Nossa Senhora da Piedade, hoje transformada em casa de arrecadações do convento, que possui um abobadado de artesões firmados com rosetas nos fechos. À entrada do recinto conventual existe uma fonte antiga que possui, a preencher o nicho da espalda, uma imagem de pedra de S. Pedro, datada do século XV.

A igreja segue a tipologia simplificada do gótico mendicante escalabitano, apresentando os volumes escalonados da cabeceira, de três capelas rectangulares, e das naves. A fachada poente é dividida em três panos divididos por contrafortes, reflectindo as três naves de diferentes alturas. O registo superior do pano central é rasgado pela rosácea.


O interior da igreja é de três naves, com cinco tramos de arcos de ponta de lança arrancando de robustas colunas capitelizadas. O espaço interno do templo encontra-se dividido pela construção de um coro baixo maneirista, que separava a zona das religiosas da parte destinada aos leigos. São de referir, no interior da Igreja, vários altares de talha dourada e panos de azulejos seiscentistas:

A Capela-Mor, apresenta tecto em abóbada nervurada, pintada com frescos. As paredes são revestidas de azulejos seiscentistas, tipo “padrão” e "tapete". O Altar-Mor é de talha dourada, com um camarim em arco. No retábulo, duas mísulas albergam as esculturas de madeira de São Bento e São Bernardo. A parede do lado esquerdo ostenta o brasão e lápide de Gil Eanes da Costa e sua mulher, Dona Joana da Costa.


A Capela de S. João Evangelista (Evangelho), possui uma guarnição em silhar de três painéis de azulejo figurativo do século XVIII, com cenas da vida de S. João Evangelista: martírio (caldeira fervente); envenenamento (cálice com uma serpente) e revelação (escritura do Apocalipse em Patmos).

O altar, de talha dourada, tem quatro colunas em espiral (salomónicas), suportadas por uma Fénix (ou um pelicano) e decoradas com motivos de uvas e parras. Ao centro, um nicho com remate em concha, alberga a imagem do patrono. A iluminação é feita através de uma clarabóia de vidro em formato octogonal, aberta na cúpula.


A Capela de Nossa Senhora do Rosário (Epístola), com tecto em abóbada quebrada e decoração de brutescos, apresenta as paredes forradas de azulejos setecentistas. No altar neoclássico, com duas colunas em espiral onde se misturam a talha dourada e a pintura, alberga-se a imagem de Nossa Senhora do Rosário. O frontal é decorado com aplicações de azulejos fragmentados e bordadura dos lados. À esquerda encontra-se a lápide de D. Duarte da Costa e Dona Paula da Silva, netos de D. Gil Eanes da Costa.

O Altar Maneirista (Transepto), posto a descoberto em 2005, quando do restauro levado a efeito pelo IPPAR, alberga o túmulo da fundadora, D. Berengária Aires (século XIII). Neste local situava-se originalmente o altar de S. João Baptista, actualmente montado no corpo da igreja.


O Altar de Santa Ana e S. Joaquim, em madeira de talha dourada, possui colunas em espiral (salomónicas), sendo rematado por baldaquino com sanefa. Da gramática decorativa constam anjos suspensos (nos capitéis) e fénix ou pelicanos (nas pilastras). Num nicho, ao centro, encontram-se as imagens estofadas de Santa Ana e S. Joaquim, patronos do altar. No centro da mesa vê-se uma inscrição da época, onde se faz referência ao doador ou encomendador. O frontal, de tecido damasco bordeaux, tem aplicações artísticas de galão de veludo castanho e de entremeio prateado.

O Altar de Nossa Senhora das Dores, mandado construir em setecentos, em memória das figuras, entretanto desaparecidas, de S. Bento e S. Bernardo, às quais se destinavam os nichos adjacentes. Possui actualmente a imagem de Nossa Senhora das Dores. Em talha dourada e anjos decorando as quatro colunas, detém caprichosos relevos e uma interessante pintura perspéctica sobre madeira, rematada por um baldaquino com sanefa. O frontal é de tecido adamascado com franja.


O Altar de S. João Evangelista, também do século XVIII, é muito rico em talha dourada, com relevos em forma de parras, uma Fénix e anjos pendentes dos lados. Duas colunas laterais, com base de volutas e rematadas por pináculos, enquadram imagens de religiosos beneditinos. O nicho central, onde se alberga a imagem do apóstolo, tem à sua frente um medalhão ladeado por dois anjos e termina em concha. Uma pintura sobre madeira, de inspiração rococó, decora o frontal.

O Altar de Nossa Senhora do Carmo, datado da segunda metade do século XVIII, é em madeira de talha dourada. Duas colunas salomónicas parcialmente pintadas enquadram uma tela figurando Nossa Senhora do Carmo, Santo Ângelo (martirizado), S. Simão Stock (recebendo da Virgem o escapulário), além de outros religiosos carmelitas não identificados. O altar é rematado pelo brasão dos Carmelitas.


O Altar da Virgem, rematado por baldaquino e sanefa, é feito em madeira de talha dourada, com colunas salomónicas decoradas com parras, fénix, pelicanos e anjos em suspensão. No retábulo, quatro pinturas do século XVIII (das cinco iniciais) retratam cenas da vida da Virgem Maria: ‘Nascimento’; ‘Apresentação no templo’; ‘Circuncisão do Menino Jesus’ e ‘Assunção’. No nicho central encontra-se a imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal. O frontal, de seda natural, bordado a matriz, é de grande beleza e riqueza.

O Altar da Sagrada Família, construído ao estilo barroco, é um dos mais ricos da igreja. Feito em madeira de talha dourada, possui caprichosos relevos. Uma larga moldura reservada a um presépio possui pinturas fingindo charão - "chinoiserie" (pintura oriental chinesa, do século XVIII) –, também presente na pintura de uma cidade amuralhada. Ao centro, enquadrados num grande nicho, encontram-se as imagens de Maria, José e o Menino Jesus, de grande perfeição e valor artístico, datáveis do século XVIII.


O Altar de Nossa Senhora da Graça, invocando a padroeira em legenda inscrita numa cartela setecentista, é em talha dourada, com dois anjos em suspensão. Possui um interessante retábulo, no qual se inscrevem quatro pinturas sobre madeira, representativas da vida de S. José e da Virgem: ‘Aviso do Anjo a S. José’; ‘Fuga para o Egipto’; ‘Menino Jesus entre os Doutores’ e a ‘Morte de S. José’. Um nicho central, encimado pela pomba do Espírito Santo, alberga a imagem de Nossa Senhora de Fátima, que substituiu a da Senhora da Graça, entretanto desaparecida. O frontal é em seda natural, bordada a matriz.

O Altar de S. João Baptista, datado do século XVIII e feito em talha dourada, detém enorme valor artístico. Um grande nicho, ladeado por pilastras, enquadra a imagem de S. João Baptista. A composição é encimada por uma coroa-brasão barroca, que contribui para a riqueza decorativa do altar. No centro, vê-se um medalhão ladeado por dois anjos, de onde sobressai a cabeça de S. João Baptista. Vários anjos de grande perfeição completam o adorno. O frontal, de elevado valor estético, é de azulejo polícromo, recebendo claras influências das tapeçarias orientais. Motivos florais e zoomórficos enquadram um "Agnus Dei", recortado em cartela, envolvendo um resplendor, símbolo do precursor.


O Altar do Sagrado Coração de Jesus, de filiação barroca, é construído em talha dourada, possuindo pequenos nichos laterais com anjos suspensos. Uma mísula central alberga a imagem do patrono, enquadrada num reposteiro com cordões de borla, pintado de azul e dourado e rematado em concha. Um cesto encanastrado com flores (girassóis), ladeado por dois anjos de grande perfeição, encima a composição. O frontal é de madeira, forrado de tecido adamascado.

O Altar do Senhor dos Passos, de grandes dimensões, decorado em talha dourada, tem baldaquino com sanefa, onde estão pintados vários motivos: o sol, a lua e um resplendor, sobre um fundo de paisagem decorativa. Ao centro, a figura do Senhor dos Passos, e em baixo, um outro pequeno nicho, ladeado por dois anjos, em cujo interior se podem observar pinturas de flores e pássaros. O altar está enquadrado numa moldura pintada com motivos orientalizantes. Um friso com um livro e a cruz dos Hospitalários, duas cruzes laterais e um "Agnus Dei", fazem-nos a crer que terá sido dedicado a S. João Baptista, de quem as monjas eram muito devotas. O frontal, de madeira envelhecida, revela vestígios de pintura.


O Altar do Senhor dos Aflitos, projectado para enquadrar um ‘Cristo Crucificado’ em tamanho natural, do princípio do século XIV, apresenta uma interessante pintura sobre madeira do século XVI, figurando S. João Evangelista e a Virgem, destacando-se, ainda, o pormenor do soldado e a escada para a descida da cruz. Em fundo, uma representação da cidade de Jerusalém.

Os dotes culinários destas monjas de Cister, podem ser ainda hoje apreciados, através dos “Arrepiados” e “Celestes”, cujas receitas tradicionais foram mantidas vivas pelas habitantes de Almoster.

 Fonte: http://www.geocaching.com/

Fotos: Dias dos Reis

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