Os túmulos de D. Pedro I (1320-1367), com o cognome "O Terrível" ou também "O Justo", e o de D. Inês de Castro (1320-1355), que se encontram em cada lado do transepto, conferem e atribuem um grande significado e esplendor à igreja.
Os túmulos pertencem a uma das maiores esculturas tumulares da Idade Média. Quando subiu ao trono, D. Pedro I tinha dado ordem de construção destes túmulos para que lá fosse enterrado o seu grande amor, D. Inês de Castro, que tinha sido cruelmente assassinada pelo pai de D. Pedro I, D. Afonso IV (1291-1357).
Este pretendia, também, ser ele próprio ali enterrado após a sua morte. As cenas, pouco elucidativas, representadas nos túmulos, ilustram ou cenas da História de Portugal, ou de origem bíblica ou ainda recorrem simplesmente a fábulas. Por um lado, esta iconografia é bastante extensa, sendo, por outro lado, muito discutível. Ambos os túmulos datam da 1360.
A criação dos túmulos
D. Pedro I casou em 1336, em segundas núpcias, com D. Constança Manuel (1318-1345), uma princesa castelhana. Devido a várias guerras entre Portugal e Castela, D. Constança só chegou a Portugal em 1339. No seu séquito, ela trazia a camareira Inês de Castro, que provinha de uma antiga e poderosa família nobre castelhana.
D. Pedro I apaixonou-se por ela. Em 1345, D. Constança morreu catorze dias após o parto do seu filho sobrevivente, D. Fernando I.
D. Pedro I passou a viver maritalmente e publicamente com D. Inês de Castro, nascendo desta relação três filhos. O pai de D. Pedro I, D Afonso IV, não aceitou esta relação, combatendo-a e, em 1335, condenou D. Inês à morte por alta traição.
Após subir ao trono, D. Pedro I vingou a morte da sua amada (afirmando ter-se casado com ela em segredo no ano de 1354) e decretou que se honrasse D. Inês como rainha de Portugal. Quando em 1361 os sarcófagos estavam prontos, D. Pedro I mandou colocá-los na parte sul do transepto da Igreja de Alcobaça e trasladar os restos mortais de D. Inês de Coimbra para Alcobaça, sob o olhar da maior parte da nobreza e da população.
No seu testamento, D. Pedro I determinou ser enterrado no outro sarcófago de forma a que, quando o casal ressuscitasse no dia do Juízo Final, se olhassem nos olhos (de acordo com as fontes, só existiria o pedido de ser lida diariamente uma missa junto aos seus túmulos).
O túmulo de D. Inês de Castro, no qual são representadas cenas da sua própria vida incluindo o seu assassinato e cenas da vida de Cristo. Num dos extremos está representado o Juízo Final, quando cada homem se dirige para a eterna morada. A segurar o túmulo em baixo, estão representadas três figuras híbridas que são a alegoria dos assassinos de D. Inês. Mais uma vez, o túmulo é exemplo de uma escultura tumular gótica bastante detalhada, uma obra-prima. Ao lado do seu túmulo existe, agora, um relicário feito por José Aurélio para comemorar os 656 anos após a sua morte.
A sorte dos túmulos
No dia 1 de Agosto de 1569, o rei D. Sebastião I (1554-1578), cujo tio era o cardeal D. Henrique, abade de Alcobaça, mandou abrir os túmulos. De acordo com os relatos de dois monges presentes, enquanto os túmulos eram abertos, o rei recitava textos alusivos ao amor de D. Pedro e de D. Inês. Durante as Invasão Francesa do ano de 1810 os dois túmulos não só foram danificados de forma irreparável, como ainda foram profanados pelos soldados.
O corpo embalsamado de D. Pedro foi retirado do caixão e envolvido num pano de cor púrpura, enquanto a cabeça de D. Inês, que ainda continha cabelo louro, foi atirado para a sala ao lado, para junto dos outros sarcófagos. Os monges reuniram posteriormente os elementos dos túmulos e voltaram a selá-los.
Após o ano de 1810, os túmulos foram sendo colocados em vários sítios da igreja, para voltarem à sua posição inicial no transepto, frente a frente, em 1956. Agora, os túmulos são o destino de muitos apaixonados, que muitas vezes os visitam no dia do seu casamento, para fazerem juras de amor eterno e de fidelidade defronte aos dois túmulos.
Fonte: Wikipédia
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